quinta-feira, 26 de junho de 2008

Supremo

É muito complicado lidar com Sumos, especialmente quando necessitam de nós e depois atiram-nos borda fora , porque passámos a ser carga incomodativa .
Os seus argumentos são sempre válidos, a retórica dá-lhes a razão,ostentam com alarde os seus feitos. Os raios luminosos da vaidade que patenteiam ofuscam outros sóis.
Por mais que façamos para demonstrar que estamos ali pela mesma causa ,é uma luta inglória.
Eu bem que tento ,contudo, a lógica dos Sumos eleva-se numa prece tão alta que esmaga qualquer tentativa de outrém. Se porventura iço a minha voz e mostro a bandeira , ninguém em responde, a fluência não encontra resposta. O ecoa flutua sozinho ,ao desamparo.
Pena que não me vejam! Julgam-se sábios ,porém padecem de cegueira. São vaidosos e astutos. calcularam que seria possível me afundar ,tentaram isolar-me ,foi tempo perdido, voltei mais forte. Quando imaginaram que me venciam , ressuscitei. Não vale a pena ignorarem-me , voltarem-me a cara. Por muito que me queiram longe vou andar por lá.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Álvaro de Campos

Este poema de Fernando Pessoa tem um grande significado para mim,porque sinto-o um pouco meu. Que o génio me desculpe lá da sua torre de marfim , sou apenas um pequeno grão de areia sem pretencionismos alguns .Desculpem-me ser em jeito de prosa.
O "Aniversário" faz-me chorar .


Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

ANIVERSÁRIO
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto. Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, De ser inteligente para entre a família, E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. Quando vim a olhar pela vida, perdera o sentido da vida. Sim, o que fui de suposto a mim mesmo, O que fui de coração e parentesco, O que fui de serões de meia-província, O que fui de amarem-me e eu ser menino, O que fui – ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui... A que distância!... (Nem o acho...) O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa, Pondo grelado nas paredes... O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas), O que eu sou hoje é terem vendido a casa, É terem morrido todos, É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio... No tempo em que festejavam o dia dos meus anos... Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! Desejo físico da alma se encontrar ali outra vez, Por uma viagem metafísica e carnal, Com uma dualidade de eu para mim... Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes! Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui... A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos, O aparador com muitas coisas – doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado –, As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos... Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça! Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! Hoje já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for. Mais nada. Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!... O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!... 15/10/1929 (publicado na Presença, nº 27, Junho-Julho de 1930)

sábado, 14 de junho de 2008

Repousando...


Meditando...


Agora está fatigado


Ir ao fundo e regressar


A força de alcançar


O lado tímido de mim



A luz apagou-se...


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Hum...salvei-me ?


Apanhei o poema,é meu !


Talvez para lá....


Insónia


Antídoto da noite


Com qual me pareço Fernando P. ou Salvador D.?


Poeta não sou




quinta-feira, 12 de junho de 2008

Nós

Meti-me num lago, de águas calmas ,tranquilas...brilhantes,esverdeadas.Mas fico a flutuar não sinto o fundo. Não faço ideia se o meu pé há-de encontrá-lo....tenho medo da corrente...para onde me arrasta? Entretanto vou contemplando a gama de verdes, as folhas que se reflectem na água,a vasta gama de perfumes que se cruzam no ar... é tudo tão inebriante. Infelizmente a minha ansiedade faz-me saracotear e perder as estribeiras , as dúvidas assolam,os receios sibilam , a imaginação solta-se e em seguida o drama acontece na minha cabeça . E tudo fica confuso ,numa amálgama de coisas e situações que francamente não sei se terei inventado para fugir do lago num acto de cobardia. Lamento tanta agitação que só enfraquece aquilo que a cada dia deveria sair consolidado.

quarta-feira, 11 de junho de 2008