sexta-feira, 18 de julho de 2008

Rapariga de bronze


O Trabalhador


semeando


Debruçado sobre o lago


Cascata verde


terça-feira, 15 de julho de 2008

Serviço de urgência ou de espera?

Encontrava-me numa aula,tentando demonstrar ao pupilo como se aplicava o corte quando eu própria fui surpreendida pelo x-acto que saltou do seu percurso normal e traiçoeiramente furou-me a mão. O sangue jorrava da ferida e coalhava o chão.Uma funcionária da escola prestou-me os primeiros socorros mas salvagardou a sua posição, aconselhando-me a dirigir ao Centro de Saúde.Por isso encaminhei-me ao respectivo serviço.

A enfermeira procedeu à desinfecção da ferida mas persuadiu-me de que seria prudente a ida ao serviço de urgência hospitalar,pois o golpe tinha sido profundo e carecia de pelo menos um ponto. Contudo, elucidou-me para o facto de que o mesmo deveria ser aplicado num prazo entre quatro a seis horas após o ferimento. Caso contrário correria o risco de a cicatrização ser mais lenta e até de uma possível infecção,como o ano transacto sucedera com a picada de um compasso.

Segui as indicações da enfermeirae dirigi-me ao serviço de Urgência do Hospital. Aguardei pouco tempo na sala de espera.
Chamaram-me e entrei. À minha frente havia uma enfermeira sentada,voltada para um computador, entretanto o médico acabava de chegar à enfermaria.
Num tom frio questionou que fazia na escola,que disciplina leccionava,como me tinha ferido. Respondi às questões e esclareci que já estivera no Centro de Saúde e que fora enviada para lá.Em seguida,o médico encaminhou-se para mim e tentou abrir o penso,porém,não conseguiu e perante as tentativas infrutíferas exasperou-se dando estalos com a língua. Depois solicitou-me que o acompanhasse.

Percorremos salas e mais salas até desembocar numa outra sala ampla amontoada de gente, uma sala que remetia para um campo de concentração nazi,todos com um ar de condenados à morte.
Num tom gélido e embaraçado aconselhou-me a procuar uma cadeira mas ambos constátamos que não havia espaço,então ele no mesmo tom frígido acrescentou que esperasse de pé.
Voltei-me para o médico ,esclareci como tudo tinha sucedido e que não podia esperar,informando-o acerca das advertências da enfermeira do Centro de Saúde.

A resposta foi cínica e pouco ética,a enfermeira tinha mentido,ele é que era médico,eu não deveria acreditar mais na palavra de uma enfermeira do que na dele.
Posteriormente mostrou-me o processo e de uma forma extremamente arrogante indicou os dois traços a verde , no dizer do médico a espera seria de duas horas.
Perante tamanha falta de consideração,comentei entre dentes a má educação,quando ele voltou furioso protestei para que me fechasse o penso e iria embora dali.

O médico recusou-se a actuar e acrescentou secamente que se eu não quisesse esperar que fosse embora,só fechava o penso duas horas depois.
Contrariado guiou-me à saída,porém , passámos pela sala quatro,onde permanecia a mesma enfermeira sentada ao computador.
Nesse momento o médico explicou à enfermeira que eu ia sair por não querer esperar pela minha vez.
A enfermeira arrastou a cadeira acercando-se de mim e sentada começou a proferir encolerizada que eu havia chegado há trinta minutos ,que tinha de esperar pela minha vez,que não tinha respeito pelos outros...Eu tentei repetir os argumentos da outra enfermeira,contudo,a minha voz ficou apagada,pois ela falava mais alto e não me cedia espaço .O médico que se encontrava de costas para mim,olhou-me fulminante,questionando-me exasperado se eu ia repetir a mesma conversa , eu respondi que sim.

Quando eu pedi para explicar as minhas razões,a mesma enfermeira terminou o seu discurso irado ,arrastou novamente a cadeira e deu-me as costas,respondendo-me que agora era a minha vez .

Enquanto eu repetia o que havia dito,o médico ordenou a minha saída e como eu tentava concluir as explicações,ele ainda ameaçou chamar um segurança para me colocar na rua.


Antes disso retirei-me pelos meus próprios pés.
Até quando vamos pagar para sermos tratados como carne num matadouro e entrar no serviço de urgência para não sair? Até quando seremos descriminados se estamos bem ou mal vestidos,se conhecemos pessoas influentes ou não?

Até quando vamos assistir à falta de educação de profissionais de saúde ,à falta de humanismo, à falta de valores,à falta de princípios de gente que afinal passou pela escola?

Nota: O que mais me indigna é a forma como acolhem os nossos velhos . Já acompanhei a minha mãe muitas vezes a este serviço e presenciei muita coisa ... Foi necessário ficar atenta e algumas vezes subir o tom de voz.
Eu tenho pavor de adoecer e que me metam lá entregue à "bicharada".

Que me desculpem aqueles que já foram atentidos nestes serviços e foram bem tratados.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Hoje não me suporto!

Hoje foi o meu dia não! Insuportável! Meu Deus que irritação! Logo de mnhã apeteceu-me partir o espelho em
fragmentos
partículas
e posteriormente atirar a poalha ao vento e o meu espírito ir com ela , numa mixórdia.
Por favor esqueçam esta porcaria que escrevi ... que horror!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A culpa

Odeio imaginar que te causei sofrimento,que te fiz chorar. Se eu pudesse mitigar o teu tormento...
Há sentimentos que se esgotam, a torneira secou. O meu amor por ti acabou !

Sobrevivente

Havia tudo até ontem e subitamente morreu tudo num ápice ou eu andava cega ,que faço sem chão e sem céu ?
O café arrefeceu ... a manteiga congelou , os ponteiros do relógio seguiram em frente impiedosos. Fiquei mais só.
Tornei-me a cinza do lume apagado .

terça-feira, 8 de julho de 2008

Pensamento

A preferência já não é a unidade , o rigor geometrizante da rota das nossas vidas, a linearidade dos conhecimentos. Tudo isso tornou-se insípido , fatigante ,monótono e sem interesse. Curioso e hilariante é a fragmentação ,o descontínuo, o desconcertante ...que convida à investigação de cada detalhe surpreendente na cumplicidade da descoberta mútua.

Frase

Se o produto da criação é sublime ,o momento da sua acção é ainda mais sublime.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Supremo

É muito complicado lidar com Sumos, especialmente quando necessitam de nós e depois atiram-nos borda fora , porque passámos a ser carga incomodativa .
Os seus argumentos são sempre válidos, a retórica dá-lhes a razão,ostentam com alarde os seus feitos. Os raios luminosos da vaidade que patenteiam ofuscam outros sóis.
Por mais que façamos para demonstrar que estamos ali pela mesma causa ,é uma luta inglória.
Eu bem que tento ,contudo, a lógica dos Sumos eleva-se numa prece tão alta que esmaga qualquer tentativa de outrém. Se porventura iço a minha voz e mostro a bandeira , ninguém em responde, a fluência não encontra resposta. O ecoa flutua sozinho ,ao desamparo.
Pena que não me vejam! Julgam-se sábios ,porém padecem de cegueira. São vaidosos e astutos. calcularam que seria possível me afundar ,tentaram isolar-me ,foi tempo perdido, voltei mais forte. Quando imaginaram que me venciam , ressuscitei. Não vale a pena ignorarem-me , voltarem-me a cara. Por muito que me queiram longe vou andar por lá.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Álvaro de Campos

Este poema de Fernando Pessoa tem um grande significado para mim,porque sinto-o um pouco meu. Que o génio me desculpe lá da sua torre de marfim , sou apenas um pequeno grão de areia sem pretencionismos alguns .Desculpem-me ser em jeito de prosa.
O "Aniversário" faz-me chorar .


Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

ANIVERSÁRIO
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto. Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, De ser inteligente para entre a família, E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. Quando vim a olhar pela vida, perdera o sentido da vida. Sim, o que fui de suposto a mim mesmo, O que fui de coração e parentesco, O que fui de serões de meia-província, O que fui de amarem-me e eu ser menino, O que fui – ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui... A que distância!... (Nem o acho...) O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa, Pondo grelado nas paredes... O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas), O que eu sou hoje é terem vendido a casa, É terem morrido todos, É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio... No tempo em que festejavam o dia dos meus anos... Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! Desejo físico da alma se encontrar ali outra vez, Por uma viagem metafísica e carnal, Com uma dualidade de eu para mim... Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes! Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui... A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos, O aparador com muitas coisas – doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado –, As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos... Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça! Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! Hoje já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for. Mais nada. Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!... O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!... 15/10/1929 (publicado na Presença, nº 27, Junho-Julho de 1930)

sábado, 14 de junho de 2008

Repousando...


Meditando...


Agora está fatigado


Ir ao fundo e regressar


A força de alcançar


O lado tímido de mim



A luz apagou-se...


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Hum...salvei-me ?


Apanhei o poema,é meu !


Talvez para lá....


Insónia


Antídoto da noite


Com qual me pareço Fernando P. ou Salvador D.?


Poeta não sou




quinta-feira, 12 de junho de 2008

Nós

Meti-me num lago, de águas calmas ,tranquilas...brilhantes,esverdeadas.Mas fico a flutuar não sinto o fundo. Não faço ideia se o meu pé há-de encontrá-lo....tenho medo da corrente...para onde me arrasta? Entretanto vou contemplando a gama de verdes, as folhas que se reflectem na água,a vasta gama de perfumes que se cruzam no ar... é tudo tão inebriante. Infelizmente a minha ansiedade faz-me saracotear e perder as estribeiras , as dúvidas assolam,os receios sibilam , a imaginação solta-se e em seguida o drama acontece na minha cabeça . E tudo fica confuso ,numa amálgama de coisas e situações que francamente não sei se terei inventado para fugir do lago num acto de cobardia. Lamento tanta agitação que só enfraquece aquilo que a cada dia deveria sair consolidado.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Uma flor

Eu não imaginava que trazias uma rosa perfumada, uma rosa vermelha. Conversámos muito , mais do que em toda a nossa vida. Abrimos gavetas que cheiravam a mofo... ou roídas pelo caruncho. Desnudámos a alma e mostrámo-la um ao outro . Fiquei suspensa no fim da confissão ,a música tocava,tinha anoitecido e era tarde demais. Pediste um abraço de despedida,um abraço infindável... quiseste esconder o rosto , tiveste medo das lágrimas que te atraiçoaram, o teu orgulho foi sempre imenso. Segurei-te no rosto e os teus olhos foram obrigados a se revelarem. Quis matar a minha sede na fonte dos teus olhos verdes. Cativei-te e logo a seguir uma porta se fechou . A rosa ficou durante alguns dias na jarra , as pétalas tombaram , caíram murchas.A tua memória anda pela casa toda... impregnada no perfume da flor.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Motor desligado

...Sinto-te distante , qual folha trémula eclipsada por uma abóboda prenha de nuvens. Andas por lá , num céu denso ,imenso. O silêncio fala por nós.Ficamos reféns de uma velhice muito precoce. 500 anos pesa muito dentro de nós !
Perdemos tudo em pouco tempo, o sabor da paixão. Gastámos os nossos olhos sem nos olharmos.Esquecemos de nos aprimorar. Deixámos de nos surpreender. Agora esperamos o nada,o vazio ...Foi o que semeamos !Resta a presença do estranho que habita cada um de nós.

domingo, 25 de maio de 2008

Os amigos

Os amigos são como as ondas do mar, o mesmo balançar...Ora estamos cheios,ora vazios,ora desiludimos os outros, ora os outros nos desiludem.
A vida é um ponto de encontro permanente que muitas vezes se constrói e destrói logo de seguida, consequência do mundo conturbado ,consumista e individualista... Há quem prefira ficar na sombra e assim não arrisque se magoar mas há quem mesmo sabendo que vai sofrer continue a acreditar!

sábado, 24 de maio de 2008

Ei,tu aí, passa por cá...

Tenciono deixar aqui muito das minhas criações, o meu desejo é partilhar convosco um pouco de mim mesma . A melhor forma de comunicar é mostrar a nossa face oculta.